DUE DILIGENCE - URBANA
Conheça as etapas para uma boa advocacia preventiva registral
Foto: Condomínio Residencial
Escrito por: Hido Alves (hidoalves.adv@gmail.com)
Editorial: Redação
A advocacia preventiva no direito imobiliário registral envolve a realização de uma due diligence de imóveis urbanos para garantir a transparência e a segurança nas transações imobiliárias. Esse processo abrange a análise minuciosa de documentos relacionados ao imóvel em questão e às partes envolvidas na transação. A due diligence é essencial para mitigar riscos e assegurar a conformidade legal em todas as etapas do processo.
O procedimento de due diligence para um imóvel urbano abrange as seguintes etapas:
1 - Mapeamento da Transação Imobiliária:
Nesta fase, o advogado deve identificar o tipo de transação imobiliária a ser analisada e, com base nisso, direcionar a auditoria de acordo com a situação apresentada. Dependendo do que for mapeado, podem surgir mais documentos a serem levantados na segunda fase. Portanto, é de extrema importância analisar cuidadosamente o tipo de imóvel, as partes envolvidas e os documentos necessários.
2 - Levantamento do Material de Análise:
Essa segunda fase, talvez a mais desafiadora, envolve a busca ativa dos documentos necessários após identificá-los. É crucial entender de onde os riscos do negócio podem surgir, tornando a pesquisa minuciosa. Nesse sentido, é imperativo que a documentação seja completa e não falte nada. Alguns exemplos dos documentos essenciais incluem.
(Essa documentação é exemplificativa, dependendo de onde o imóvel urbano esteja localizado, loteamentos, condomínios, ZEIS... outros documentos devem ser levantados).
Documentação Relativa ao Imóvel:
Verificação da certidão de propriedade, seja uma transcrição pré-1976 ou uma matrícula pós-1976.
Certidão de débitos de tributos municipais e federais relacionados ao imóvel.
Certidão de débitos de outras taxas vinculadas ao imóvel, como taxas de lixo e gás.
No caso de imóveis em condomínio, é fundamental verificar os débitos condominiais, com a certidão assinada pelo síndico e anexada à ata registrada que comprova a eleição do mesmo.
Certificação de que o imóvel não está localizado em áreas sujeitas a desapropriação, tombamento ou próximas a imóveis tombados.
Certidão de regularidade ambiental.
Análise da planta, memorial descritivo e topografia para identificar irregularidades no tamanho e nas características do imóvel (se for condomínio, solicitar cópia do regimento interno).
Verificação do alvará de construção ou do habite-se.
Documentação Relativa às Partes (Pessoa Física e/ou Jurídica):
Obtenção de certidões de distribuições cíveis estaduais e federais.
Obtenção de certidões de distribuições criminais estaduais e federais.
Obtenção de certidão de distribuições trabalhistas, abrangendo tanto processos em fase postulatória quanto em fase de execução.
Obtenção de certidões de distribuições do juizado.
Obtenção de certidões do cartório de protesto, considerando o local de residência da parte, no caso de pessoas físicas, e o local da empresa e dos sócios, se for pessoa jurídica.
Realização dos mesmos procedimentos de pesquisa nos nomes das partes, da empresa e de seus sócios no CPC e SERASA.
Emissão de guias de Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).
Entrevista com os confinantes, cujos relatos devem estar de preferência identificados com RG e CPF, ou, no mínimo, telefone ou e-mail.
Análise conjugal para verificar o tipo de comunhão, anuência e participação proprietária.
Certidão de existência de procedimento de falência, se a parte for pessoa jurídica.
Declaração de participação societária, se a parte for pessoa jurídica.
Certidão negativa de tributos federais para verificar débitos de FGTS e previdenciários, se a parte for pessoa jurídica.
Observação: Algumas certidões e pesquisas devem abranger um período não inferior a 10 anos.
3 - Análise de Documentação:
Todo o material levantado deve passar por uma análise minuciosa e criteriosa, de acordo com o conhecimento do advogado. Nesta fase, o advogado deve identificar os principais riscos ou fatores que podem impedir ou anular o negócio. Para uma análise precisa e segura, os riscos devem ser apresentados em escalas, ou seja, mesmo aqueles que aparentam ter pouco poder de modificação negocial devem ser destacados.
4 - Emissão do Parecer Técnico:
Após concluir todas as etapas mencionadas anteriormente, o advogado deve apresentar um parecer técnico contendo todas as informações levantadas. Esse parecer deve incluir uma opinião profissional sólida e segura com base no que foi verificado. A habilidade de entrelaçar informações e visualizar possíveis cenários são características-chave de um bom parecer técnico. Seguir essas etapas e apresentar uma conclusão técnica e eficiente é fundamental para garantir que a due diligence tenha sido executada com sucesso.
A due diligence de imóvel urbano desempenha um papel crítico na advocacia preventiva no direito imobiliário registral. Ao seguir as etapas detalhadas, os profissionais jurídicos podem identificar potenciais riscos, irregularidades e pendências legais que podem afetar as transações imobiliárias. A importância desse processo reside na minimização de riscos, na garantia da conformidade legal e na proteção dos interesses das partes envolvidas, contribuindo para tornar as negociações imobiliárias mais seguras e transparentes.
06 de novembro de 2023